sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

No Caminho da Palavra...

Irmãos e irmãs companheiros no caminho da Palavra, boa tarde!
 
“Em nosso abatimento ele se lembrou de nós, porque sua misericórdia é eterna.” Sl. 135,23

            A misericórdia é uma ambiência estranha a todo aquele que não ama. Não há possibilidade de compreensão desse modo de Deus quando o coração não se permite olhar para além de si e de suas razões. Somente na peregrinação de cada um rumo à alteridade vislumbra-se ao longo do caminho os passos, as paradas e a chegada. É um mistério intrigante saber que fomos criados no amor, mas um amor profundamente apaixonado que de Si nada reservou, imprimiu-se em cada um de nós de modo que cada criatura nos permite vê-Lo ao longo do caminho e nos recorda a rota que devemos seguir para chegarmos à fonte de nós mesmos.
            Essa misericórdia que é força do amor que tudo faz pelo homem e pela mulher, um amor que chega quase ao nada somente para alcançar suas criaturas, um amor sem medidas que até mesmo se cala para salvar. Há um propósito na misericórdia, possibilitar o soerguimento de tantos que ao longo do mesmo caminho foram debilitados, pararam ou desistiram. Um grito amoroso que não teme comprometer-se. Não importa quantas desfigurações encontremos ao longo de nosso caminho existencial, precisamos aprender a ver em cada um Aquele de cuja realidade foi feito imagem.
            A distância da dignidade humana e a  impossibilidade de existência saudável, leva a pessoa ao esquecimento do amor como razão e ambiente de sua própria criação. Por isso a misericórdia é essa dinâmica do Espírito que nos exige empenho para resgatar a dignidade de cada um, para viabilizar a existência como experiência de encontro que leve ao coração amoroso de nosso Deus. Por isso cada cristão deve compreender seu papel inegociável de disseminar o amor misericordioso e a paz, ainda que isso lhe custe a incompreensão. Isso nos faz agir como Jesus que veio iluminar a todo homem que habita nossa terra.
            Grande retrato da misericórdia é a Eucaristia, mistério de amor, em que o Senhor entrega-se, divindade e humanidade, para nos alimentar e nos unir a Ele sem absolutamente nada exigir de nós. “Oh coisa admirável aos pobres servos, o Senhor alimentá-los com sua carne e seu sangue”. Iniqualável retrato do amor misericordiosos, fazer-se menor que o servo para elevá-lo à dignidade de seu Senhor. Muito precisamos aprender disso.
“Em nosso abatimento ele se lembrou de nós, porque sua misericórdia é eterna.”
 Tenha ouvidos misericordiosos, ouça sem julgar, somente acolha.
 
Que seu dia seja abençoado. Fique com Deus.
Pe. Fábio

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Homilia

Homilia da missa na TV Anhanguera de Palmas- TO
2º Domingo do Advento – 04-12-2011


Queridos irmãos e irmãs aqui presentes
Todos vocês que nos acompanham pela TV Anhanguera



É com alegria que estamos celebrando o segundo domingo do advento. Este tempo tão especial para nós, em que nos preparamos, durante quatro semanas, para a grande festa do Natal do Senhor, do Nascimento do nosso Salvador.

Maranhata, vem Senhor Jesus!

1. Neste tempo, nós dizemos como os primeiros cristãos maranhata! Refletimos sobre a vinda do Senhor. Preparemo-nos! Deixemos esta expectativa crescer em nós, que ela nos ajude a preparar o coração, a Fim de que o Salvador venha e realize obras novas em nossa vida.  
Ouvimos na primeira leitura, em Isaías 40,10: “Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem com poder, seu braço tudo domina: eis, com ele, sua conquista, eis à sua frente a vitória”. Ele vem com poder, vem com a vitória, vem com a Salvação, vem para inaugurar o seu reino de paz. Também, em sintonia com a primeira leitura, ouvimos Pedro dizer: “O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2º Pd 3,13). Esperamos a sua vinda gloriosa no ultimo dia, sim! E também a sua vinda espiritual em nossa vida, todos os dias, hoje. Nesta eucaristia ele virá. Ele revelará sua salvação, a sua vitória. É tempo de oração, de dizer vem Senhor Jesus, vem em minha vida, vem em minha família, vem em minha casa. É tempo de dizer como o salmista: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” (Sl 84). 

Convertei-vos, preparai o caminho do Senhor 

2. Continua a carta de Pedro: “Caríssimos, vivendo nessa esperança, esforçai--vos para que ele vos encontre numa vida pura, sem mancha e em paz” (II Pd 3,13.14). A expectativa do Advento é humilde, austera, alegre e de conversão. A conversão é este caminho importantíssimo que o advento nos apresenta; cada tempo que celebramos, devemos não somente repetir os ritos, mas deixar que os ritos nos toquem, e assim seremos transformados, e assim viveremos diferentemente, não porque o vivemos em um lugar diferente, ou com mais enfeites, mas porque nós mudamos, nós nos tornamos melhores, a mudança foi dentro de nós: “esforçai--vos para que ele vos encontre numa vida pura,  sem mancha e em paz”. 
O santo Evangelho nos apresenta a figura excelente do profeta João Batista. Ele aparecia no deserto, pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados. Toda a região da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam seus pecados e se deixavam batizar por ele. O centro da sua pregação era: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’” (Mc 1,2.3). Era a conversão: que é o caminho para a nossa santidade, para a nossa salvação, nossa felicidade. Quanto mais nos convertermos a Cristo, mais seremos dele, mais estaremos recebendo as suas graças, porque nos abrimos a Ele, mas estaremos preparados para a sua vinda, estaremos produzindo frutos que mostram a nossa conversão e preparando seus caminhos.

Sede sóbrios e vigiai 

3. Este tempo também é marcado pela palavra exortativa “vigiai”! Muitos vivem como se Deus não existisse, etsi Deus non daretur’ (como se Deus não existisse), e se pra eles existe, não lhes importa. Estão como em um sono, dormindo para Deus, dormindo para as coisas de Deus, para a vida de Igreja, para a conversão. A fé nos ajuda a viver acordados, a sair deste sono. Nós, que temos fé, não estejamos dormindo, mas vigiando, atentos, de olhos abertos. Esta é a penitência do advento, como nos diz o Apóstolo: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;" (1 Pd 5.8).  
Sobriedade e vigilância. Cada dia, cada manhã devemos renovar o nosso propósito de fidelidade e amor ao Senhor, para produzirmos frutos que mostrem a nossa conversão, para que o Reino de Cristo se espalhe, cresça na sociedade e no coração de todos.


PE GERALDINHO
Arquidiocese de Palmas-TO,
Com. de Aliança Canção Nova
Estudando em Lugano,Suíça, 2009-2013
www.pgeraldinho.com

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

No Caminho da Palavra...

Irmãos e irmãs companheiros no caminho da Palavra, bom dia!
 
“Para anunciarem quão justo é o Senhor, meu rochedo, e como não há nele injustiça.”
                                                                                                                       Sl 91,16

            Toda pessoa humana tem sua origem em Deus e está destinada ao coração de Deus. Ao chamar-nos à vida não nos deu alguma coisa, mas fez-nos partícipes de Si mesmo, revestindo-nos da mais alta dignidade e revelando-nos, a partir de nós, o caráter sagrado da realidade humana.
            É precisamente a partir desse nosso humano que Deus, permanecendo em Luz inacessível, abre o caminho da acessibilidade ao seu coração a toda pessoa que percorre a existência impulsionada pelo amor, diretriz inegociável que leva o homem e a mulher ao céu e traz o céu a cada um de nós.
            A justiça de nosso Senhor primeiro manifesta-se em nos ter Ele amado mesmo quando o amor não se constituía como a plataforma de nossa vida nem a trajetória de nossa existência. Antecipou, a partir de Si, o que nos quer oferecer a todos realizando em cada um a justiça divina dando-nos identidade singular ao tocar a transitoriedade humana com a eternidade imutável do amor.
            Vivemos na justiça quando reconhecemos e assumimos em nós mesmos esse toque de Deus que nos preenche de céu e nos singulariza no cenário da criação. Porém a justiça é verdade em nós quando aceitamos que todos os nossos semelhantes trazem em si essa mesma e imutável verdade: o toque de Deus! Isso redefine nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas palavras, nossos olhares, nossos critérios, nossas escolhas, nossas decisões e nossas ações, em relação a nós e aos nossos semelhantes.
            Cada olhar humano perdido, cada sorriso obstruído, cada história danificada, cada pessoa negligenciada, cada vida inviabilizada, cada existência negada interrompe o diálogo entre o humano e o divino. Cerrar os olhos ao humano fissura a estrada de acesso ao coração de Deus, pois promove a injustiça, negação do equacionado toque de Deus em todos.
            Toda disposição ao bem, à promoção do humano, à defesa da vida; todo prato cheio, todo leito limpo, toda morada digna, todo lar estável, todo diálogo gratuito, todo perdão ofertado, toda mão estendida, toda conquista compartilhada, todo sorriso compartido, todo percurso de mãos estendidas proclama a justiça de Deus e nos faz justos aos Seus olhos.
“Para anunciarem quão justo é o Senhor, meu rochedo, e como não há nele injustiça.”

- Traga de volta ao seu coração alguém que lhe tenha decepcionado e restaure a amizade a partir de Deus.
Que seu dia seja abençoado. Fique com Deus.
Pe. Fábio

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mutirão de Confissões

Lembrando a todos, que hoje quinta feira temos o mutirão de confissões aqui na paróquia à partir das 19:30.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No Caminho da Palavra...

Irmãos e irmãs companheiros no caminho da Palavra, bom dia!
“Não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó.”  
Sl. 131, 4-5

             O grande e surpreendente mistério é que o próprio Senhor veio e preparou uma casa para seu repouso, e fez-nos a todos guadiães dessa habitação. Ele nos antecede no amor e nos surpreende em sua entrega amorosa. É maravilhosamente surpreendente essa ação de Deus; vendo-nos impossibilitados de Si não nos substitui por alguém mais qualificado, mas imerge em nossa existência e habita nossa frágil vida iniciando o processo de nossa santificação.
            Esse misterioso amor que não aguarda nossa capacidade ou possibilidade de alcançá-Lo, mas alcança-nos vindo à nossa baixeza e num movimento suave, lento, forte e irrevogável vai nos elevando consigo até que queiramos ser somente d’Ele e para Ele. É absolutamente distinto de nós que temos por critério de proximidade e distanciamento o mérito ou o descrédito das pessoas.
            Cada vez que negligenciamos a vida humana negamo-nos à reciprocidade do céu e nos fazemos apenas terra sem cosistência. O distanciamento que por vezes estabelecemos na reciprocidade de nosso amor e no real valor das pessoas acercando-nos mais de títulos e funções do que propriamente da verdade de pessoas habitadas por Deus obstrui a ação do Espírito que em nós quer entoar o seu cântico revelador e transformador: Maranata!, Senhor meu vem!
            Há uma inegociável exigência para todos os que pretendem trilhar as sendas do Espírito: não dissociar o culto a Deus da responsabilidade pelo humano! Nenhuma razão justifica qualquer ação negligente com as pessoas. É precisamente por conhecermos o autor da vida, que a ela devotamos respeito e nela encontramos aninhado o seu criador. É tão antigo e tão novo; tão simples e tão dificultado; tão belo e tão rejeitado: aceitarmo-nos pelo que somos em detrimento do que temos. Aceitar que somos todos barro em suas mãos.
“Não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó.”  

- Converse hoje com as pessoas. Fale de Deus e convide-as a um momento de oração.
Que seu dia seja abençoado. Fique com Deus.
Pe. Fábio

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Alguns aspectos sobre a importância da catequese na vida e missa da paróquia.

No Brasil, a Igreja tem valorizado muito a catequese. Através de encontros, cursos, mobilizações, celebrações, publicações e tantas outras coisas, tem despertado interesse maior nas pessoas a participarem desse ministério, que é de fundamental importância para formação do povo de Deus. Nas palavras do papa João Paulo II, Quanto mais a Igreja, a nível local ou universal, se mostrar capaz de dar prioridade à catequese, tanto mais encontrará na catequese o meio para a consolidação da sua vida interna como comunidade de fiéis, bem como da sua atividade externa missionária”[1].

Neste breve espaço, buscaremos evidenciar alguns aspectos da importância da catequese na vida e missão da paróquia. Sabemos que a vida paroquial do cristão pode empobrecer-se, e depressa entrar em  ritualismo vazio, ou simplesmente em sentimentalismo, se não estiver fundada em conhecimento sério do que significam os mistérios cristos. Além disso, sem este conhecimento, o cristão será incapaz de dar razão à sua fé. Baseados na sagrada escritura e nos principais documentos da Igreja sobre a catequese[2], vemos que os mais importantes aspectos da catequese na vida e missão da paróquia são:

1) Catequese: um caminho de iniciação à vida de fé

Após o deslocamento de uma catequese simplesmente doutrinária para um modelo mais experiencial, a Igreja trouxe uma catequese mais viva, que introduz nos mistérios cristãos o catequizando, para que este, tenha uma experiência de fé. Esta integra tanto a dimensão doutrinal como a da experiência com Deus, ao tornar discípulo de Cristo o catequizando, seja criança ou adulto.
Esta metodologia leva à pratica da fé, a uma fé viva e atuante, que se expressa, sobretudo, na vida litúrgica, missionária e orante da Igreja. É uma iniciação no caminho da espiritualidade cristã, abrangendo a sagrada liturgia com todos os seus sacramentos, a leitura orante da Palavra de Deus, a religiosidade popular, a prática da oração pessoal e comunitária.

2) Um lugar de encontro com Jesus Cristo

É catequese cristocêntrica, que nos conduz à essência da vida cristã, que é o nosso Salvador Jesus Cristo, ao Seu evangelho, à opção por Ele, que nos revela o Pai no Espírito Santo. Para nós é muito claro, como nos diz o papa Bento XVI, que “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso uma orientação decisiva”[3].

A catequese deve anunciar a Boa Nova e formar discípulos e missionários; deve favorecer o encontro com Jesus Cristo, Salvador de todos os homens. Os encontros de catequese não são aulas, os catequizandos não são alunos e os catequistas não são professores. Isto não deve  constituir-se apenas de uma mudança de termos, mas de atitudes.

Os encontros de catequese visam a levar os catequizando a uma viva experiência de fé, a um verdadeiro encontro com Cristo Senhor, em um clima comunitário, de amizade, de união. Este encontro é um dom divino, revelando-se assim um inestimável tesouro, como nos diz o Documento de Aparecida: “Conhecer a Jesus Cristo é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”[4].

O encontro com Cristo é necessário sempre recordá-lo e reavivá-lo. São grandes as possibilidades e muitos os meios culturais que a catequese pode utilizar para ajudar as pessoas a encontrar Jesus Cristo.  Além de vários meios espirituais, podem ser usados todos os recursos que a nossa cultura nos oferece como, por exemplo, os da cultura midiática, desde os tradicionais como jornal, televisão, rádio, até os mais modernos como internet e outros, todos podem estar a serviço da Palavra de Deus, para que Cristo seja amado e conhecido. A catequese tem este único fim: servir ao homem, para que ele possa encontrar Jesus Cristo, a fim de que Ele possa levar todos a percorrer a estrada da vida nova.

3) Um processo de inserimento na vida eclesial

A catequese nos introduz na vida da Igreja, nos leva a ser igreja, a pertencer ao corpo místico de Cristo, à comunhão dos santos. É na Igreja que a vida cristã cresce, comunica-se e se desenvolve. Cristo após instituí-la, ordenou que ela levasse sua mensagem a todos os homens de todos os tempos e lugares, até que Ele volte: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Por isto a Igreja é “o sacramento universal da salvação”, é necessária para a salvação.

A catequese deve ensinar o Credo da Igreja, os Sacramentos da Igreja, a Moral da Igreja, a Liturgia e a Oração da Igreja. Deve incentivar os catequizandos à participação nos movimentos, pastorais e outros grupos evangelizadores da Igreja. A catequese deve ser integrada às outras pastorais, tornando-se orgânica e de conjunto, a catequese da comunhão.

4) Processo permanente de formação integral

A catequese de iniciação compreende todo o processo de formação catequética, até à recepção dos três sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Eucaristia e Crisma. Terá a orientação da paróquia, mas se dará por acompanhamento também dos pais/responsáveis. Esta fase destina-se a forjar as atitudes básicas do cristão e a tornar conhecidos os pontos fundamentais da doutrina da Igreja. Ela despertará também o catequizando para suas responsabilidades na Igreja e no mundo, levando-o a assumir compromissos concretos na comunidade, em testemunho coerente, como se espera do cristão.
A fase de iniciação é importantíssima, mas, graças, a Deus a formação cristã se prolonga pela vida inteira. Não só as crianças, mas também os adultos começam a merecer maior atenção, e cada vez mais buscam melhorar sua formação. A finalidade específica da catequese, no entanto, não é só de introduzir a pessoa na fé, mas também, de promover o crescimento e de alimentar quotidianamente as suas vidas, em todas as idades, em formação permanente, capacitando o cristão a conhecer, celebrar, viver, anunciar e testemunhar a Boa Nova de Cristo.

A Catequese é um processo de educação gradual e progressivo, adaptando-se e respeitando os ritmos de crescimento de cada um, abrangendo as diversas dimensões que deverão integrar-se harmonicamente ao longo de todo o processo formativo: “Trata-se das dimensões humana, espiritual, intelectual, comunitária e pastoral-missionária”[5].

5) Escola de conhecimento da Palavra de Deus

A Sagrada Escritura é para nós o livro da fé, e, por isso mesmo, é o texto principal da catequese. A alma da catequese é a santa Bíblia, a Palavra de Deus, onde a vida é orientada para novas atitudes, segundo os valores do evangelho. A catequese é considerada anúncio da Palavra de Deus, a serviço da qual se coloca. O princípio da interação fé e vida, aplicado à leitura da Bíblia, gera um tipo de leitura vital e orante da Palavra de Deus. Deve ser incentivada a utilização da Bíblia nos encontros de forma catequética e orante. Assim Paulo orientou Timóteo: “Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça” (2Tm 3,15.16).

É também muito importante ensinar os métodos de leitura da Palavra de Deus, e os vários meios de acesso à Bíblia, tanto impresso, como em vídeo e áudio. O verdadeiro catequista tem a convicção (mística) de que é profeta hoje, comunicando a Palavra de Deus com seu dinamismo e eficácia, na força do Espírito Santo.

6) Lugar de iniciação às virtudes e  à moral católica



A Moral da Igreja é a base, é o alicerce do nosso comportamento; por isso é ensinada na catequese, de modo que o cristão, conhecendo os dogmas da fé e a doutrina das sagradas virtudes, viva conforme as leis de Deus, em uma vida virtuosa. Nos ensina o nosso Catecismo: “Importa, na catequese, revelar com toda clareza a alegria e as exigências do caminho de Cristo. A catequese da vida nova” (CIC,1697).
As virtudes humanas (fortaleza, prudência, justiça e temperança) e as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), faz que abracemos a beleza e a atração das retas disposições em vista do caminho de Cristo, do bem. “O caminho de Cristo “leva à vida”; um caminho contrário “leva à perdição” (Mt 7, 13). A parábola evangélica dos dois caminhos está sempre presente na catequese da Igreja. E significa a importância das decisões morais para a nossa salvação”[6]. Foram nas virtudes que os santos se inspiraram com prodigalidade para amar e seguir Jesus Cristo. A virtude da caridade nos fez tomar uma opção preferencial pelos pobres. Assim a catequese é transformadora e libertadora: uma mensagem de fé, que iluminando a existência humana, forma uma consciência crítica diante das estruturas injustas, levando a uma ação transformadora das realidades sociais: “a Igreja é chamada, em virtude da sua própria missão evangelizadora, a servir o homem. Tal serviço tem a sua raiz primeiramente no fato prodigioso e empolgante de que, com a encarnação, o Filho de Deus uniu-se de certa forma a todo o homem”[7].

7) Um lugar de interação fé e vida

O conteúdo da catequese compreende dois elementos que se interagem: a experiência da fé e a experiência da vida. A afirmação do princípio de interação fé e vida é a recusa tanto do excesso da teoria desligada da realidade da vida, como de uma fé sem compromisso com as realidades humanas, desvalorizando as necessidades do “aqui e agora”. São dois excessos que nos alienam e nos afastam da verdadeira fé da Igreja. O método tradicionalmente utilizado é o Ver-Julgar-Agir-Celebrar-Avaliar, cabendo a cada catequista fazer as adaptações necessárias. Portanto não é suficiente ter a doutrina e suas verdades fundamentias em mente. O conhecimento é fundamental, mas deve levar sempre à fé e à conversão. O cristianismo é uma experiência de fé, vida e salvação. A catequese deve dar prioridade ao aspecto experiencial e prático da fé, para que o catequizando torne-se verdadeiro discípulo e missionário de Jesus Cristo e possa dar a vida por Ele.
PE GERALDINHO
(Palestra no 1º Retiro Pastoral da Paróquia Santa Rita de Cássia, Aureny I-Palmas-TO, 27-11-2011).



NOTAS

[1] JOÃO PAULO II, Catequese Tradendae, 15: “a Igreja é convidada a consagrar à catequese os seus melhores recursos de pessoal e de energias, sem se poupar a esforços, trabalhos e meios materiais”.
[2] Catequesi Tradendae, 1979; Catequese Renovada, 1983; Diretório Geral de catequese, 1997; Diretório Nacional de catequese, 2005.
[3] BENEDETTO XVI, Deus Caritas Est, n.12; Documento de Aparecido, n. 243.
[4] Documento de Aparecido, n. 29.

[5] Documento de Aparecido, n. 280
[6] CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1696. 1697.
[7]  JOÃO PAULO II, Christifideles Laici, 36.
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